domingo, 26 de agosto de 2018

Encontros e Despedidas



Julho e Agosto foram meses especias e muito corridos! Tive minhas primeiras visitas em casa. E que visitas! Primeiro, meu pai, que ficou 3 semanas por aqui. Depois, minha mãe, que passou 24 dias e foi embora ontem.

Depois de 6 meses longe da família, foi uma delícia ficar assim num grude intensivo, mesmo quando isso implicava em ter a rotina transformada numa agência de turismo :-)



Nem meu pai e nem minha mãe conheciam o Canadá e, por isso, tentei ao máximo passear com eles pra mostrar mais da cidade que escolhi pra viver. Mas, no meio de tudo , eu estava em aula, no segundo semestre do college - eis a correria ao que me refiro. Nem sempre foi fácil ajustar os horários de aula, com os trabalhos por fazer e entregar, e os passeios pela cidade, mas juro que dei meu melhor. O bom é que sei que eles serão frequentadores assíduos e teremos muitas outras oportunidades e lugares pra explorar.

Fomos a lugares que nem eu conhecia ainda como Niagara Falls, Ottawa, Montreal, Plantação de Lavanda, Scarborough Bluffs, etc e repetimos outras tantos pontos turísticos como CN Tower, Aquário, CasaLoma, ROM, Distilery District, Toronto Island, etc. Vou tentar, nas próximas semanas, contar um pouquinho sobre esses lugares aqui no blog.

Ter meus pais aqui, nessa época do ano, foi  fundamental. Além de estar cheia de saudades, como disse, eu estava em aula, mas os meninos estavam de férias. Já viu o problema, né? Acabou que o timing escolhido por eles pra nos visitar foi perfeito, pois ajudou demais a cuidar das crianças e eu pude ir pra minha aula bem mais tranquila. Apenas nas duas semanas entre as visitas é que precisei colocá-los num summer camp.

Posso e preciso dizer que é um privilégio enorme poder contar com a presença e a ajuda dos meus pais. A gente aqui, de longe, aprende a se virar e a dar jeito de resolver de tudo, pois tudo depende da gente mesmo, né? Mas saber que, mesmo temporariamente, você conta com uma mão extra e cheia de amor pras loucuras do dia a dia em outro país, não tem preço. E tem coisa que somente amor de pai e mãe é capaz, né?

O lado ruim é que as visitas tem dia e hora pra acabar e, mesmo com toda a organização, a vida da gente fica meio de cabeça pra baixo quando tem alguém em casa. O lado bom é pensar que eles vão sempre voltar. O intensivão sem pausa às vezes traz à tona estresses que a gente não sente quando não se está junto, mas também traz sentimentos e experiências que nunca tínhamos vivido, como ver meus filhos cantando Beatles junto com meu pai, no carro, indo pra Montreal. Ou meu mais velho o ensinando a andar de metrô pela cidade. Teve também um jogo de Uno cheio de roubalheiras e risadas na sala de casa, com minha mãe. Ou ainda um papo sobre a infância dela, no carro, voltando de Niagara. Momentos que não esqueceremos jamais!

Situações simples, mas que a gente acabava passando batido na rotina do Rio e que aqui, tiveram um gostinho mais do que especial. No fim das contas, tudo começa e acaba com a chegada de um avião e os corredores do aeroporto. O mesmo lugar da frio na barriga e causa emoções distintas, mas eu me prometi não ficar pensando na despedida. A ideia é sempre planejar os próximos encontros! Então, esse post foi só pra dizer até breve e falar pra minha mãe e pro meu pai o que eles já sabem, mas que não custa repetir: eu e os meninos amamos vocês. Muito obrigada por serem tão únicos e tão presentes!








Oreo


Foi no dia 14 de Julho que ele entrou pra nossa família, mas os dias tem sido tão atribulados por aqui ultimamente, que só hoje consegui parar pra escrever sobre o  Oreo.

Eu sentia muita falta de ter um bichinho em casa desde que a Esther, nossa schnauzer, morreu - pouco antes da gente vir pro Canadá. Porém um cachorro, num apartamento pequeno e sem área de serviço, não era a melhor das ideias, então combinamos que teríamos, inicialmente, um gato. Só que havia uma condição: meu marido começar a trabalhar. Já contei num outro post que isso demorou um pouquinho, então Oreo demorou também a chegar.

O meninos ajudaram a escolher o gato no abrigo e o nome (essa escolha já foi mais complicada, hehehe). A única exigência que a gente tinha é que fosse um filhote. Nos encantamos por ele (que então atendia pelo nome de El Capitain) no gatil da Toronto Humane Society. Uma voluntária comentou que ele era o gatinho mais doce que ela já havia conhecido e ela realmente tinha razão.

Os meninos se apaixonaram de cara e a casa logo estava cheia de brinquedinhos de gato espalhados. Na verdade, nem sei muito bem porquê, já que ele gosta mesmo é de brincar com as balas de nerf dos meus filhos!

Uma coisa sobre o Oreo é que depois que decidimos por ele, fomos informados que ele era FIV+ (uma espécie de AIDS felina). Mas como ele tinha apenas 4 meses, existia uma boa chance da sorologia feita até então ser falso positiva, devido aos anticorpos do leite materno. Então com 6 meses (daqui a algumas semanas), vamos repetir a testagem. O fato é que nada disso vai mudar o quanto estamos encantados por ele e, caso seja realmente FIV+, vamos seguir as orientações do veterinário pra cuidar ainda melhor da saúde do nosso bichinho, evitando quedas de imunidade desnecessárias.

O video abaixo eu postei no instagram no dia em que ele chegou. Pra quem não viu, Oreo sendo apresentado à nossa casa, ainda curioso e um pouco assustado.



sexta-feira, 27 de julho de 2018

As curvas da estrada Canadense

Hoje me dei conta de que não vinha escrever aqui desde meados de Junho. Mil e um motivos me deixaram longe do blog e vou precisar de tempo e organização pra colocar em dia tudo o que aconteceu nessas últimas semanas. 

Num resumo rápido (e que prometo tentar me aprofundar em posts específicos), tive a visita do meu pai, fizemos road trips, tem feito um calor estilo Rio de Janeiro, as crianças entraram de férias, adotamos um gato chamado Oreo e Oliver começou a trabalhar. E é justamente sobre esse último assunto que eu quero escrever hoje.


"O Canadá está cheio de oportunidades". "Quem é de TI tem emprego garantido". Essas foram duas frases que ouvimos muito nas nossas pesquisas antes de vir pra cá e ambas nos motivaram bastante. Oliver, meu marido, é analista de sistemas, gerente de projetos e tem uma experiência imensa em setores que a gente via como muito promissores por aqui. 

Só que as coisas não foram tão fáceis quanto pareciam. Tudo se ajeitou e nos adaptamos muito bem à vida, ao frio e à rotina da cidade, como já contei em outros posts. Tudo, menos o que parecia mais certo. Conseguir o primeiro emprego foi uma tarefa bem difícil. Complicado explicar exatamente os motivos, mas o fato é que ele fez muitas, dezenas de entrevistas e coisa não rolava. Até que com um pouco mais de 6 meses de Canadá, rolou! Todos falam, que a média de tempo pra arrumar emprego na sua área fica entre 4 e 6 meses e aqui a oportunidade parece que veio aos 45 do segundo tempo.

Só que veio meio torta. A vaga era pra Montreal. Nós moramos em Toronto. 

Uma pequena explicação: Montreal fica na província (estado) de Quebéc, a parte Francesa do Canadá. A língua oficial de lá, como se pode imaginar, é o Francês e a cidade tem uma cara muito mais européia do que Toronto. É possível falar inglês em Montreal no dia à dia. Lojas, restaurantes e pessoas nas ruas costumam ser bilingues, mas escolas, por exemplo, não. Aliás, essa é a única cidade de Quebéc onde isso acontece, no restante é francês e pronto. Ah, Montreal fica a cerca de 6 horas de carro de Toronto.

Dito isso, vocês podem imaginar que sinuca de bico que a gente ficou, né? Como que faz? Aqui estamos só nós 4, um apoia e dá suporte ao outro. Um ajuda na rotina do outro pra que tudo funcione bem, já que não dá pra contar com ajuda dos nossos pais opus familiares. A gente aprendeu a contar, mais do que nunca, com o nosso grupinho de 4!

Num primeiro momento o pensamento inicial seria: mudam todos pra Montreal, ora bolas. Só que a coisa não é tão fácil assim. A empresa onde Oliver foi trabalhar é inglesa e, lá dentro, todos falam inglês. Tranquilo pra ele. Mas os colleges pra onde eu poderia transferir o meu curso de design tem aula em francês. E mesmo se eu achasse um que tivesse a opção de aula em inglês, ainda teria uma questão bem complicada: os meninos! Não seria legal mexer com eles nesse momento em que estão começando a formar laços com a escola e com o inglês. Não ainda. 

Mas também não dava pra perder a oportunidade do Oliver começar a trabalhar, conquistar a tão falada experiência Canadense no currículo e voltar a crescer profissionalmente. A decisão, então, foi ele ir pra Montreal e nós ficarmos em Toronto. Com um sistema de transporte bacana, é possível o bate e volta todo fim de semana.

Só que isso acaba trazendo outras questões que me assustaram de cara. Nunca tive medo de ficar sozinha e cuidar das crianças. Mas num outro país, e se algo acontecer? E se.... Não tem muito jeito, né? Meus horários do college também passaram a dar uma "rebolada" maior. Tive que me ajustar e aprender a correr ainda mais atrás do prejuízo, já que sozinha, nem sempre consigo chegar na hora certa das aulas (os horários de escola, college e summer camp às vezes batem). Tenho contado com a boa vontade de professores que me deixam chegar um pouco atrasada (prometi a mim mesma que corro atrás e entrego tudo em dia) e com a super ajuda da minha amiga Patricia, que faz aulas comigo e já chega na sala ligando meu computador e deixando tudo pronto pra eu não perder muito tempo ao chegar. 

O dia à dia acaba sendo bem corrido e tenho estado muito mais cansada pra dar conta de tudo. A vida sem empregada, carro e ajuda externa, que antes era dividida por dois, agora é cuidada apenas por mim, mesmo Oliver dando uma boa mão nos finais de semana. Vou te contar que não tá fácil, mas é gratificante ver que tem dado certo e que apesar de pesado, eu tenho conseguido dar conta. Os meninos tem sido muito companheiros e o clima de saudade durante a semana tem deixado nós 4 mais grudados nos finais de semana. 

No meio dessa bagunça toda, pude contar também com a ajuda do meu pai, que esteve aqui de final de junho a meados de julho e me ajudou a cuidar das crianças e nos acompanhou até Montreal na "mudança"do Oliver. Também vou contar com a ajuda da minha mãe que chega daqui a alguns dias e passará quase todo o mês de agosto conosco. 

Olho pra trás e lembro de quando pensamos "vamos tentar o Canadá?". Sabia que a gente teria que abrir mão de muitas coisas, voltar algumas casinhas no jogo da vida e que por diversas vezes as situações seriam duras. Mas agente nunca pensou que teríamos de enfrentar a distância, além daquela que já enfrentamos do Brasil. A gente achou que estaria juntos, sempre. Mas acredito que esse sejam mais um obstáculo que a gente vai passar em família, fortalecendo nossos laços, rumo ao nosso objetivo maior: dar uma qualidade de vida decente pra nós e nossos filhos. 

Por quanto tempo essa situação vai se manter, é uma incógnita. Podemos um dia ir de vez pra Montreal. Oliver pode um dia voltar pra Toronto. Podemos mudar pra outra cidade Canadense que não essas, em busca de mais sossego.... Enfim, se tem uma coisa que aprendi, desde que esse Projeto Canadá começou, é a não antecipar problemas e que as coisas se ajeitam. Nem sempre do jeito que a gente esperava, mas tudo se ajeita e fica bem. 

Por hora, estamos felizes que mais um passo foi dado. O caminho é longo, às vezes duro, mas estou amando cada momento. Sem arrependimentos. 


quarta-feira, 20 de junho de 2018

Vá ao dentista e ganhe unhas feitas!


Um "causo" rápido do meu dia de ontem.

Uma obturação antiga quebrou na hora de passar fio dental e me obrigou a procurar um dentista. Nunca na vida procurei um dentista, pq minha dentista sempre foi a minha mãe, então fui pesquisar com amigos alguma boa indicação e acabei marcando uma consulta na Country Dental, que fica na Bayview X Eglinton.

Cheguei lá e a clínica impressionou. Super bonita e moderna. Fui atendida pela recepcionista que me ofereceu uma garrafa d´água (sim, garrafa e não copo), preenchi uma ficha e fui logo chamada pra ir pra sala de atendimento, onde fui recebida por uma assistente, que avisou que logo a Dra. How chegaria. Me colocou confortavelmente sentada numa cadeira que parecia mais confortável do que meu sofá da sala e logo em seguida a dentista chegou, se apresentou e deitou a cadeira pra me examinar. Detalhe, ao deitar vi que tinha uma TV no teto, todinha só pra mim! Curti.

Após um primeiro exame, a Dra. How pediu um RX e enquanto a assistente preparava o exame chegou uma mocinha Chinesa que pegou na minha mão e perguntou se eu queria fazer as unhas.

- Sim, não leu errado! Era uma manicure dentro da clínica dental -

Eu devo ter feito uma cara de muito espanto, pois a moça começou a rir e perguntou novamente se eu queria fazer as unhas. Respondi meio sem jeito que eu tinha pintado as minhas unhas na véspera (eu mesma, de jeito tosco, em casa) e ela insistiu que podia tirar o esmalte e pintar novamente. E falou as palavrinhas mágicas: "IT´S FREE!". Minha cara de espanto deve ter ficado ainda pior, e ela repetiu, é de graça, é uma cortesia da clínica. De graça!??? Então tá, né? Ok... E lá foi ela buscar um catálogo (!!) com opções de cores de esmalte pra eu escolher.

Dra. How voltou e começou a fazer o tratamento e, enquanto ela mexia na minha boca, a mocinha mexia nas minhas unhas e eu assistia o noticiário local. A unha acabou um pouco antes da minha restauração e a mocinha saiu sem se despedir. No fim das contas, fui levada novamente à recepção pra acertar a parte financeira, mas não sem antes a assistente me oferecer um sorvete(!!) que eu gentilmente declinei pois estava com a boca anestesiada. Imagino que o sorvete seja pra adoçar os custos, pois dentista no Canadá é um negócio caro, viu!? Uma avaliação + 3 RX + uma restauração saiu a bagatela de CAD 418,00 e a minha sorte é que meu seguro cobre 80% dos custos.

No fim das contas, saí de lá 90 e poucos dólares mais pobre (meus 20% da conta), com a boca anestesiada, porém resolvida e as unhas feitas! Adorei a Dra How e a manicure. É importante mencionar que fazer as unhas aqui é um serviço meio carinho e que eu mesma, acostumada a ir ao salão toda semana no Rio, ainda não tinha feito em Toronto. Ah, com todo respeito e amor à minha mãe, a melhor dentista do mundo, fiquei com vontade de voltar mais vezes ao dentista, nem que seja pra fazer as unhas de graça :-)

domingo, 10 de junho de 2018

Balanço dos 6 meses

Ontem, 09/06, completamos 6 meses de Canadá!

6 meses que passaram voando, fato! Mas ao mesmo tempo, parece que a gente já mora aqui há 6 anos!

Nesses 180 dias já deu pra ter uma boa ideia do que gostamos ou não gostamos; do que funciona e do que não funciona; ou ainda pra entender certas diferenças vitais do dia à dia, entre o estilo de vida do Brasil X Canadá.

Seguem, abaixo, algumas das minhas impressões:


O que mais amo no Canadá:

  • Liberdade e segurança. Essas são as duas principais palavras que me vêm à cabeça quando penso em Canadá. Liberdade de ver casais de todos os tipos andando de mãos dadas nas ruas, liberdade de ter um dia especial pras pessoas andarem de bike peladas (sim, isso aconteceu ontem!), liberdade de morar num lugar que legaliza o uso da maconha, liberdade pra ser quem você é, sem se importar muito com os outros.

  • E segurança de andar nas ruas sem medo de ser assaltado, de ter meu celular roubado... Te digo que nada é perfeito, aqui tem assalto e crime como em qualquer grande cidade do mundo, mas a diferença principal é que as pessoas se importam e a polícia corre atrás pra descobrir e punir. Essa sensação, principalmente pra quem viveu a vida toda no Rio de Janeiro, é algo incomensurável.

  • Com toda diversidade cultural que tem por aqui, ninguém se liga muito na forma como os outros se vestem, cortam o cabelo, etc. Todas as tribos parecem ser bem-vindas e têm seu espaço. A moda está muito mais ligada ao conforto do que a qualquer outra coisa, as pessoas se arrumam de forma mais simples e com menos frescura.

  • Educação - existe uma piada que diz que o Canadense se desculpa até quando não tem culpa.

  •  Educação 2 - saber que meus filhos estudam numa escola com uma diversidade cultural absurda, convivendo desde bem pequenos com as diferenças. 

  • Por ter estações do ano tão bem definidas, existem muitas atividades sazonais e a gente acaba curtindo bem cada uma delas.  

  • Os parques! São inúmeros e não me canso de passear por eles. Todos limpos, cheios de atração pras crianças e, muitos deles, com banheiro!

  • Alertas "Amber" - São enviados pros nossos telefones em caso de questões emergenciais na cidade de Toronto. Uma forma bem interessante de manter a população avisada sobre as ocorrências.

  • Farmácias vendem de tudo, inclusive alimentos e muitas vezes salvam a vida da gente quando falta uma coisinha ou outra e dá preguiça de ir até o mercado. 

  • As bibliotecas públicas, suas mil utilidades e ver como a população realmente usa esse espaço!

  • A velocidade com quem as encomendas da Amazon chegam aqui. Já fiz uma compra às 21 horas que chegou em casa 12 horas depois!!!  

  • Wi-fi grátis  em (quase) todos os lugares.

  • Amigos, que estão aqui compartilhando do mesmo sonho, desafios e esperanças que você, e que fazem tudo ser mais fácil.

O que não curto no Canadá:

  • Serviços, em geral, custam muito caro. Na verdade, não sei dizer se custam caro ou se a gente que tava acostumado a pagar barato no Brasil. A questão é que aqui é tudo muito mais "faça você mesmo" e as pessoas não têm o hábito de ir à manicure semanalmente, por exemplo, até mesmo porquê fazer pé e mão não é nada barato. 

  • Apesar de serem muito educados, não existe muito costume de segurar a porta pra quem vem atrás e nem cumprimentar qdo se entrar no elevador. Falo de vizinhos que a gente vê todo dia... Não consigo me habituar a isso.

  • O calor é mais quente do que eu gostaria. E o frio poderia durar um pouquinho menos. :-)

  • Doces são menos doces. Pra mim, que sou formiguinha, isso não é lá tão legal. O brigadeiro que fiz pros meninos, com leite condensado local, poderia ser mais gostoso. 

  • Pano de chão é uma coisa rara! Meu pai tá vindo pra cá em algumas semanas e trará um estoque pra mim. Aqui eles usam papel toalha pra tudo e são mega ultra hiper absorventes!

  • Pedintes, os famosos homeless. Têm muitos por aqui, muito mais do que imaginava, acho que já comentei isso aqui o blog. Agora que as temperaturas estão quentes, eles tomam mais ainda as ruas de downtown. Entretanto, nunca tive experiência ruim em relação à violência e sempre o que vi foram pessoas pedindo dinheiro nas ruas.

  • Toronto, cidade onde moro, acaba de ser descrita como a 5a. cidade mais cara pra se viver!

  • O preço que se paga pra estudar nos colleges. Como estudante internacional, o custo anual com a minha faculdade chega a 3 vezes mais do que pagaria se eu já tivesse residência permanente.
  • Canadenses amam abacate e usam em tudo! E acham estranho a gente usar abacate como doce, pois eles usam direto como salgado. Eu odeio abacate e não uso pra nada. :-)

  • Banana. Amamos banana e demoramos quase seis meses pra achar uma mais docinha, como as do Brasil. Aqui não tem banana prata e a mais similar que achei foi uma da Costa Rica.

  • Saudades da família. Mas isso não é exclusivo do Canadá, né?

Diferenças importantes (e que não sei se gosto ou não):

  • Eu mesma faço faxina na minha casa. Umas 2 horas e meia são mais do que suficientes pra limpeza semanal, pois todos os produtos são feitos pra facilitar a vida da gente mesmo. Mas sinto falta de tanque na cozinha e ralo no banheiro... A gente se adapta a cuidar da limpeza mesmo assim, mas que fazem falta, ah isso fazem!

  • Canadenses tem fixação por pouco cheiro. A maioria dos produtos pra limpar a casa  não tem aquele cheirinho de limpeza que a gente tava acostumado no Brasil e demorei a me adaptar ao fato de que a casa tava realmente limpa, mesmo sem sentir o tal cheirinho... Aliás, a questão do cheiro é importante em outros aspectos. Produtos de higiene pessoal também tem odor mais fraco e existe uma preocupação em não importunar os outros com cheiros fortes. No banheiro do meu college, por exemplo, existe um poster pedindo pras pessoas se colocarem no lugar do outro antes de usar perfumes fortes. Gosto da ideia, viu!? Mas acho que tem uma galera que toma uns banhos a menos e que podia se preocupar com esse lado também. 

  • Não há demonstração de carinho excessivo. Lembro do aniversário de uma amiga e várias pessoas davam "happy birthday" sem nem um abraço. Me pareceu meio frio e estranho. Mas, ao mesmo tempo, gosto da ideia da gente ter intimidade com quem realmente se tem intimidade.



 



 

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Spring Fair

Fim de semana passado aconteceu a Spring Fair na escola dos meninos e podemos ver de perto como funciona o envolvimento das famílias em comunidade e atividades filantrópicas.Acredito que esse deva ser um acontecimento em várias escolas, mas não sei se todas funcionam da mesma maneira. O intuito é angariar fundos para ajudar a comunidade e financiar melhorias na escola. Para participar das atividades e/ou comprar bebida e comida é necessário comprar tickets, única moeda válida no dia.

Durante quarto horas a escola cede seu espaço para inúmeras e divertidas atividades recreativas pras crianças e adultos, como parquinhos infláveis, stands de acampamento de verão, jardinagem, esportes, massinha, balões, jogos diversos, comidas, bebidas e muita música. Tudo tem um grande envolvimento de patrocinadores, na sua maioria de comércio e atividades da região, ficando cada um responsável por alguma área específica. É interessante observar o quanto eles são divulgados e o quanto a escola se esforça pra demonstrar sua gratidão aos envolvidos. 

Assim como em todas as atividades acadêmicas, existe uma grande participação de pais e alunos como voluntários em diversos tipos de trabalhos, nas tendas ou na organização. Na verdade a feira só acontece pois existe um número grande de voluntários trabalhando, o que é bem bacana de observar. Aqui em casa, o marido contribuiu com seu tempo na área de games, se encarregando do basquete inflável durante a manhã. Nesse setor, as crianças brincavam em diversas brincadeiras (meio no estilo festa junina mesmo) e ganhavam tickets pela pontuação que faziam. Posteriormente, esses tickets podiam ser trocados por brinquedos seminovos doados pelos próprios alunos. Tomás e Joca fizeram a festa e voltaram pra casa com uma sacola repleta de jogos e brinquedos que trocaram por lá. 

Uma outra atividade muito bacana é o leilão silencioso. Cada turma foi responsável por um tema (aqui em casa um foi praia e, o outro, churrasco). Cada criança levou um brinde e foi formada uma cesta de cada classe. Essas cestas foram dispostas lado à lado com uma lista de itens e valor estimado. Quem quisesse arrematar, bastava ir lá e escrever seu nome e telefone no papel, com o lance oferecido. Além das cestas, várias empresas locais, restaurantes e museus ofereceram brindes para serem leiloados no mesmo esquema. No fim do dia, como em qualquer leilão, ganhava quem dava mais.

A Spring Fair foi uma experiência bem legal pra todo mundo aqui em casa e nos trouxe mais pra perto das atividades cotidianas das famílias Canadenses. Adoramos!





terça-feira, 15 de maio de 2018

Toronto Island

Domingo foi Dia das Mães e escolhi um lugar muito especial pra curtir com meus meninos, a Toronto Island. Ouço falar dela desde que chegamos aqui, mas ainda não tínhamos tomado coragem de ir, pois como fica bem na beira do Lago Ontário, uma região que venta bastante, o melhor é ir num dia de sol e mais quentinho.
 
O acesso à ilha é bem tranquilo. Fomos de metrô até a Union Station e andamos uns 3 quarteirões até o Harbourfront, de onde saem balsas a cada meia hora pra ilha. Nas balsas tem de tudo: grupos, famílias, gente carregado bikes, patins e patinetes, cachorrinhos e cachorrões, sacolas pra picnic... Enfim, o que faz o dia de cada um feliz, por lá. A viagem é rapidinha, uns 10 minutinhos e pronto, chegamos!

Pra início de conversa, a Toronto Island tem uma vista I-N-C-R-Í-V-E-L de Toronto e valeria o passeio se fosse só por isso. Mas ela tem muitas outras atrações, que podem ser percorridas à pé ou de bicicleta. Nós alugamos um quadricículo (e eu e Oliver quase morremos de tanto pedalar, já que os meninos ficaram na vida boa, sem fazer força... ) pra tentar conhecer alguns cantinhos mais distantes, mas ainda assim ficou coisa pra ver. 

Entre as diversas atividades, na Toronto Island é possível ir à praia - familiar ou de nudismo (sim, de água doce, mas praia, com areia e tudo!), andar de barco, caiaque e pedalinho, visitar um farol, praticar esportes em uma das quadras, conhecer uma fazendinha, brincar em parquinhos infantis e de água, almoçar, lanchar ou tomar um café e ainda brincar num pequeno parque de diversões à moda antiga chamado Centerville Theme Park.

Existem moradores na ilha! Cerca de 600 divididos entre 262 casas e pra morar lá é preciso ter sorte. Numa tentativa de preservação, os proprietários das casas não podem escolher pra quem vão vendê-las, podendo apenas passar pro nome do cônjuge e filhos ou ainda vender para quem está numa fila de espera organizada pelo Toronto Islands Residential Community Trust. Por ser regulamentado, o preço das casas é beeeeem mais em conta do que os valores astronômicos praticados na cidade de Toronto.  

O dia estava lindo, com céu azulzinho, então aproveitamos bastante e ficamos com gostinho de quero mais, doidos pra voltar. Certamente a Toronto Island entrou na minha lista (que só aumenta) de lugares preferidos em Toronto.












terça-feira, 1 de maio de 2018

Mudança de estação

Enfim, a primavera resolveu mostrar as caras em Toronto e o dia hoje foi de sol e muito calor. Sei que alguns amigos cariocas falarão que 25 graus tá longe de ser calorão, mas quando a gente se acostuma às temperaturas negativas, qualquer coisa na casa dos 20 ou mais, é quente pra caramba sim!

Os casacões deixam de aparecer nas ruas e dão lugar aos casaquinhos leves pra segurar o início das manhãs, que costuma ser mais fresquinho, e muita gente já adotou bermudas e sandálias na vestimenta do dia à dia. Nas lojas só se vê à venda roupas leves e de praia /piscina e chega a ser engraçado pensar onde foram parar todas aquelas tantas camadas de roupa que há poucas semanas estavam nas vitrines.

Por aqui as mudanças começaram já no fim de semana, quando tivemos que sair às compras com os meninos, atrás de bermudas, camiseta, tênis e crocs. E foi assim, que me dei conta do quanto Tomás e Joaquim cresceram nesses quase 5 meses de Canadá. Acho que eles estavam escondidos nos casacos e a minha ficha demorou a cair. :-)

Uma coisa que faz parte da rotina de quem mora num lugar onde as estações são bem definidas é que existe um rodízio das roupas no armário. Durante o inverno, o closet da entrada de casa era exclusivo pros casacões pesados e botas de neve. Shorts e camisetas estavam guardados láááááá no fundo do armário e, quando muito, a gente usava em casa.

Hoje foi a vez de inverter a ordem das coisas. Casacões foram pra uma caixa fechada e ficarão debaixo da cama. Snow suits dos meninos seguiram pra lavar e serão guardados em seguida. Botas pesadas foram limpas e estão guardadinhas, esperando o próximo inverno. Eu guardei, inclusive, as dos meninos, mesmo achando que não irão caber no próximo inverno (tão surradinhas também, coitadas...).  

O bom da arrumação foi arranjar espaço no closet da entrada pras visitas que teremos por aqui nos meses de julho e agosto - meu pai e minha mãe, respectivamente (tô contando os dias, cheia de saudades!). Ficaram só alguns casaquinhos mais leves e uns medianos (afinal de contas, estamos no Canadá e tudo pode mudar de uma hora pra outra).

No mais, estou aproveitando a semaninha de férias entre o primeiro e o segundo semestre do college pra dar uma descansada, escrever, tentar atualizar o netflix e relaxar um pouquinho. Deixa contar que fiquei feliz que consegui, no primeiro semestre, média geral 3,5/A- (total 4). Mas dou um doce pra quem adivinhar qual a única nota que não foi bacana: desenho, claro! Fiquei com C+, que corresponde a 67/69. Mas vou te dizer que não esperava nada melhor do que isso, levando em consideração a qualidade dos meus rabiscos. Enfim, fiquei contente com o meu desempenho inicial, principalmente nas matérias que mais me interessam, como design e digital application, onde consegui A+!

Agora é acalmar pra começar o summer term na próxima semana. Estou aguardando ansiosamente pelas lindezas que essa cidade promete oferecer no verão e já tenho uma lista imensa de coisas pra fazer e visitar: Toronto Island, Haborfront, The beaches, Canada Wonderland e Water Park, vários restaurantes com terraço à céu aberto, Montreal, Ottawa, NYC, etc... Venho contar tudo depois!





sábado, 28 de abril de 2018

Tomando choque no Canadá


Engana-se quem pensa que esse post é sobre choque cultural. Vou falar de choque de verdade, de estalar, fazer barulhinho e às vezes doer um pouquinho e sair faísca.

Acontece que por aqui, principalmente quando o tempo está mais frio (quase redundância falar isso) e a umidade relativa do ar cai, ficando tudo mais seco. Nós produzimos energia eletrostática  ao fazermos movimento de atrito e daí, basta encostar em algum metal, ligar o interruptor de luz ou até mesmo dar um abraço e um beijo em alguém que lá vem o tal choque. É choque mesmo! Quer dizer, é choquinho, mas é...

Às vezes chega a ser engraçado, pois vamos encostando nas coisas devagarinho, como se pudesse evitar o pior. Mas não tem muito jeito. Daqui a pouco a memória falha e vou abraçar os meninos e... choque! Até dando beijo no meu marido já tomei!!! Trocando roupas de cama, então, é batata!

Os meninos quando chegaram por aqui ficavam meio que com medo e sempre tentavam se prevenir, mas agora nem ligam mais e se divertem quando acontece. Joca é o rei da eletricidade, pois vive pulando no sofá, dando carga no corpo, literalmente. Os cabelos, fininhos, ficam até meio arrepiados. :-)

Aliás, o contato direto com tecidos é um grande vilão e pra ajudar a evitar, aqui usamos esses paninhos na secadora, que ajuda a diminuir a eletricidade das roupas (e de quebra dão um cheirinho bem gostoso também!).




Achei um video engraçadinho no youtube que explica bem como essa eletricidade estática funciona por aqui: https://www.youtube.com/watch?v=rTx5eZYb4bA

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Atentado em Toronto

Estou desde segunda querendo escrever, mas essa está sendo uma semana super puxada, pois minhas  provas e trabalhos finais do semestre precisam ser entregues. Hoje consegui uma folguinha e vi coisas tão lindas sobre o que queria escrever, que decidi que era a hora vir aqui contar.

Acredito que todos tenham visto, nos noticiários, o atentado que teve aqui em Toronto, na última segunda-feira. Um homem de 25 anos, dirigindo uma van de aluguel, atropelou propositalmente pedestres nas ruas, matando 10 pessoas e ferindo outras 13. Era 1 e meia da tarde, plena hora de almoço de um lindo e ensolarado dia de primavera (que finalmente chegou). Trata-se do maior atentado da história do Canadá.

Tudo o que foi dito acima já é terrível o bastante, mas acabou sendo mais impactante pra gente, pois aconteceu do ladinho de casa mesmo, a cerca de dois quarteirões, num local por onde passamos sempre. E em frente à natação do Joca! Quando nos demos conta do que tinha acontecido e de onde tinha sido, rolou um certo baque. Afinal, o Canadá sempre pareceu ser um país muito seguro e pensar num atentado, que podia ser terrorista, tão perto de casa, é meio perturbador.  As duas fotos acima foram tiradas da minha varanda. A primeira, para mostrar onde ocorreu um dos atropelamentos - quarteirão seguinte ao último prédio à esquerda. Na segunda, onde o cara foi finalmente preso - quarteirão seguinte à esquerda da foto. Tudo muito, muito perto de casa. Percebam a rua vazia, bloqueada. 

A medida em que as notícias foram sendo divulgadas, tomamos noção da proporção da tragédia, mas também ficamos mais tranquilos por ver que não havia sido um atentado terrorista (motivações políticas ou religiosas), mas sim mais um caso de alguém perturbado que resolver tirar a vida dos outros pra minimizar suas dores. Ao que tudo indica, o autor dessa tragédia é alguém com sérios problemas de relacionamento e faz parte de um grupo chamado de INCEL, pessoas que tem falta de atividades sexuais e culpam as mulheres por isso. Pois é... agora tem mais essa! 

Porém, minha ideia com esse post não era, na verdade, contar o que aconteceu, mas sim a visão de alguém de fora e que pode observar, de perto, como a cidade reagiu. Pra início de conversa, o que mais de chamou atenção foi a abordagem policial sobre o suspeito. O oficial não disparou um tiro sequer pra prender o cara e toda a ação foi filmada por pessoas que estavam próximas (e aconteceu a dois quarteirões daqui, pro lado oposto de onde ele atropelou algumas pessoas). O policial está sendo tratado como herói e super aplaudido pelos moradores. E não é pra menos, né? Pra quem tá acostumado com a loucura das balas perdidas do Rio de Janeiro, essa é uma coisa a ser muito aplaudida!

Logo após o incidente (eu tava saindo de casa, a caminho do college), ouvi e vi uma quantidade surreal de carros de resgate, polícia, ambulância e bombeiros passando. Um barulho ensurdecedor. Era claro que algo sério tinha acontecido, mas só entendi as proporções qdo saí do metrô. A notícia já estava em todos os jornais, inclusive do Brasil e minha preocupação foi, imediatamente, avisar meus pais de que tava tudo bem. 


De casa, Oliver avisou que haviam fechado a rua ao lado da minha e assim como o comércio. Foi meio complicada a volta pra casa, pois estações de metrô foram fechadas também. Eu que costumo sair na Yonge St. (a rua do atentado e que estava fechada - a maior da cidade, que liga ponta à ponta), tive que bater cabeça até achar um caminho alternativo pra chegar em casa. Mas cheguei. E a sensação era bem estranha. A rua, normalmente bem movimentada, estava cercada de fitas amarelas da polícia, oficias andando de um lado pro outro como se procurassem qualquer pista pelas ruas e um silêncio imenso. Cheguei a filmar a saída do metrô pra rua, como vocês podem ver aí acima. Tudo ficou fechado até quase o início da noite do dia seguinte, quando finalmente reabriram ruas, calçadas e lojas. 

No dia seguinte, aliás, a cidade ainda estava tentando entender o que tinha acontecido e a sensação era de perplexidade. Como algo assim teria acontecido num lugar tão tranquilo? Os dias passaram e as coisas começam a tomar mais o rumo da normalidade, mas não sem a gente ver uma enxurrada de ações da prefeitura, colleges, ongs, comércio local, etc. Todos querem ajudar de alguma forma, seja oferecendo recursos financeiros pras vítimas, ajuda psicológica pra quem estava lá e pra quem não estava também (mas se sente triste), um ombro amigo, etc. Uma mobilização tão bonita e que combina muito com o espírito acolhedor da cidade. Recebi ligações até do meu corretor de imóveis perguntando se estávamos bem (ele sabe que moramos bem próximos) e se desculpando por nós estarmos tendo essa "impressão" da cidade. Me comoveu.

Hoje fui ao mercado, que fica em frente à praça onde algumas pessoas foram atropeladas. Tinha uma movimentação bem grande de pessoas fazendo vigília com flores, velas, cartazes e prestando homenagens. E vários carros de TV, entrevistando quem passava por lá. Mas uma coisa, em especial, me fez parar e chorar que nem criança - voluntários acompanhados de "therapy dogs" (cachorros terapeutas) estavam ali com seus cães apenas para trazer um pouco de alegria às pessoas. A ideia desses cães é que as pessoas possam fazer carinho e brincar com eles, esquecendo um pouco da dor e aproveitando o carinho e a festa dos cãezinhos. 

E então lá estava eu, que não conhecia nenhuma das vítimas, sentada no chão da praça e brincando com um dos cachorros enquanto chorava. Uma coisa tão simples, mas tão linda, que só mesmo quem gosta e ou já teve um animalzinho desses pode entender. Deu uma saudade imensa da Esther, minha schnauzer que faleceu há quase um ano, mas também deu um orgulho imenso da empatia desse povo canadense, que soube como ninguém se colocar na dor do outro. Falando por mim, Carioca, posso dizer que vi um sopro de vida ali, sabe? Não por achar que não somos capazes de algo parecido, mas é que acho que já estamos tão acostumados à dor da violência, que muitas vezes nos faltam essas ações ou as que existem são insuficientes. E no fim das contas voltei pra casa mais leve e com a sensação, cada vez maior, de que escolhemos o lugar certo para morar. O meu amor por Toronto só aumenta. #torontostrong











domingo, 15 de abril de 2018

E como é a escola no Canadá?



Tenho várias amigas que me perguntam sobre a adaptação das crianças na escola, quais as diferenças e semelhanças com o Brasil, etc... Acho que já contei algumas coisas em posts anteriores, mas agora que eles completaram 3 meses de aula, já consigo descrever melhor como funciona, o que gosto e o que não gosto. Vou tentar fazer uma listinha abaixo:

1. Pelo nosso visto, os meninos tem direito a estudar gratuitamente numa escola pública. Pode ser católica ou não e optamos pela laica. A escola não pode ser livremente escolhida e é designada através do endereço onde a gente mora. Cada CEP tem uma escola determinada e é meio complicado mudar isso. Mas também não queremos e estamos, por hora, felizes com a escola deles.

2. Existem escolas particulares, mas custam entre 12 e 14 mil dólares canadenses, o que está fora de questão pra gente. E é desnecessário.

3. Quando falo que a escola é gratuita, é gratuita mesmo. Não gastei um tostão pra comprar cadernos ou livros. Comprei mochila e lancheira apenas e alguns lápis e canetas. O transporte também é gratuito no famoso "yellow bus", desde que a gente more a mais de 1,6km da escola.

4. As escolas não têm grade ou proteção. São abertas. O pátio dos alunos maiores é ao lado da rua e dos menores tem uma cerquinha, mas nada demais. Terror e pânico pra quem tá acostumado às grades do Rio de Janeiro, mas bem normal pra quem é daqui.

5. As crianças contam que todo dia, às 9 da manhã, cantam o hino do Canadá. Já sabem até de cor.

6. Eles almoçam na escola e levam a refeição de casa (que normalmente é a sobra do jantar do dia anterior). Os maiores tem a opção de comprar na cafeteria, os menores não. A cada 15 dias tem o "dia da pizza", onde os pais podem deixar pago e eles servem pizza no almoço.

7. Os alunos chamam os professores de Miss Fulano ou Mister Sicrano.

8. Tomás tá no 6o. ano e as matérias aqui são bem diferentes do que os amigos estão estudando no Brasil. Existe uma ênfase ao ensino prático (que eu acho bem mais inteligente), sem muito aprofundamento em coisas que eles não usarão no dia à dia. Ele tem aula de inglês, francês, matemática, ciências, estudos sociais (que envolve história e geografia) e educação física. Existe uma preocupação muito maior em formar cidadão com senso crítico, participando de atividades na comunidade, do que preparar pra faculdade.

9. Joaquim tá no Senior Kindergarden e ano que vem irá pra alfabetização. Pra mim a maior diferença entre as escolas Brasileiras e as daqui está na educação dos pequenos. Eles são encorajados ao máximo a ter sua individualidade e independência (e olha que a escola onde ele estudava no Brasil prezava muito a autonomia, mas nunca vi como aqui!). Fazem absolutamente tudo sozinhos e não tem muita frescura. Nem agenda eles têm e quando a gente quer mandar algum bilhete pra professora, manda um e-mail ou envia por um aplicativo que a maioria delas usa. Lembrando das reuniões de pais da escola do Brasil, conheço umas mães que iam pirar com isso tudo. 😌 As professoras são carinhosas, mas não demais. Não existe muito contato físico como no Brasil (essa é a parte chata, o carinho das professoras do Joca era ótimo). Mas por outro lado, tenho visto ele ficar muito mais safo e independente e tenho certeza que é por conta dessas diferenças.

10. É preciso ligar pra escola e avisar caso a criança falte. Senão uma mensagem automática começa a ligar pra você sem parar às 9 da matina, até você lembrar e avisar. É uma forma deles terem certeza de que os pais sabem onde os filhos estão, pois muitos dos maiores já vão e voltam sozinhos. Ou seja, se matar aula, o pai sabe!

11. Tem várias atividades extra classe, como passeios e mini viagens que podem ser feitas ou não, dependendo da escolha dos pais. Bem mais do que eles tinham no Brasil. Essas atividades são pagas à parte. Tomás já fez até aulas de ski pela escola.

12. Existe um envolvimento muito grande dos pais com a escola, em relação à voluntariado. Em todas as atividades extras os professores perguntam se algum pai quer participar e pra isso, é necessário fazer antes uma checagem de referências na polícia de Toronto.

13. Existe uma preocupação imeeeeensa com crianças alérgicas à amendoim e castanhas em geral. É proibido enviar lanches contendo esses ingredientes pra escola. Fico sem saber se somos muito desleixados com isso no Brasil ou se aqui realmente existem mais alérgicos que lá.

14. Muitas escolas oferecem o que eles chamam de "before e after school", onde a criança entra mais cedo e sai mais tarde. Nesse caso é pago à parte, mas existem subsídios do governo que amenizam bastante os custos.

15. Não vejo muita interação entre os pais. Eu tava acostumada a ficar amiga dos pais dos amigos dos meus filhos e aqui a coisa é mais fria. Principalmente entre os mais velhos. Essa parte eu não curto.

16. Na escola pública não tem uniforme (as católicas costumam ter), mas os pequenos deixam um tênis por lá, pois costumam ir de bota por causa do frio, e trocam quando chegam.

17. Já comentei isso aqui em outra ocasião, mas é algo bem marcante. A não ser que esteja um frio extremo, tipo abaixo de -15o., todos brincam no pátio, a céu aberto. Mesmo os pequenos.

18. O ano letivo vai de Setembro à Junho. Tem um break de umas 2 semanas na época do Natal e mais uma semana em março, chamada Spring Break.

19. Quando chega o ensino médio, chamado de High School, é obrigatório, nos primeiros anos, o estudo das matérias tradicionais: geografia, matemática, física, química, história, etc. A partir do Grade 11, é possível ao aluno focar na sua área de preferência, já pensando na faculdade.

20. A elementary school é cursada por alunos de 6 a 14 anos (do grade 1 ao grade 8), enquanto a high school é cursada por alunos de 14 a 18 anos (do grade 9 ao grade 12).

21. A província de Ontário, onde estamos, tem o inglês como língua oficial, mas algumas escolas funcionam com o French Immersion, onde o idioma oficial é o francês. 

Encontros e Despedidas

Julho e Agosto foram meses especias e muito corridos! Tive minhas primeiras visitas em casa. E que visitas! Primeiro, meu pai, que ficou...